QUANDO INDICAR A BIOLOGIA MOLECULAR PARA HPV

A biologia molecular é fundamental para nossas pesquisas, entretanto somente em casos selecionados pode nos ajudar a conduzir casos clínicos em patologia do trato genital inferior e anal, prevenindo o câncer. São as seguintes situações:

1. CITOLOGIA DE SIGNIFICADO INDETERMINADO

Tanto nas citologias indeterminadas de natureza escamosa ou glandular, nós oferecemos o exame de biologia molecular (captura híbrida ou PCR) para HPV, como um dado a mais para o raciocínio clínico que baseia-se no tripé diagnóstico (citologia, colposcopia e histopatologia) .

Tendo a presença de HPV de alto risco nessas citologias indeterminadas, deve-se priorizar o encaminhamento para a colposcopia, mesmo antes da repetição do exame de papanicolaou.

Ainda mais importante é identificar se essas citologias alteradas estão anormais em células maduras ou imaturas, já que essas últimas nos causam mais inquietação, por estarem mais relacionadas aos ASCUS (citologias escamosas de significado indeterminado) que favorecem ao diagnóstico de lesão de alto grau. Nesses casos acreditamos que a melhor conduta seja o encaminhamento direto para a colposcopia, independente do exame de biologia molecular, da mesma forma que os AGUS (citologias glandulares de significado indeterminado) favorecendo neoplasia. A colposcopia no Brasil tem baixo custo e vale a pena encaminharmos essas pacientes antes do exame de biologia molecular.

2. DISCORDÂNCIA CITOCOLPOSCÓPIA

Quando há discordância entre os dois métodos supracitados, mas existe achado colposcópico anormal maior, a biopsia se impõe e elucida a questão. Entretanto as vezes observamos citologia alterada com colposcopia normal, que merece controle rigoroso e prosseguimento da investigação. Nesse momento a biologia molecular pode ajudar a adiantarmos condutas mais agressivas quando diante de vírus de alto risco em alta carga viral.

3. ACOMPANHAMENTO PROGNÓSTICO

A carga viral alta persistente após conizações ou cirurgias de alta freqüência por neoplasias intra-epiteliais implicam num maior índice de recidiva ou lesão residual existente.

Concluindo, a biologia molecular não é fundamental para a prevenção de câncer genital, o que pode ser muito bem realizado com o tripé clássico histocitocolposcópico, com controle de qualidade.


Dra. Cláudia Jacyntho